OPINIÃO: o diálogo Chile-AIIB avança

O Chile poderia confirmar sua participação no novo banco, que terá de merecer a confiança
<p>Presidente Sebastián Piñera (imagem: <a href="https://www.flickr.com/photos/gobiernodechile/5012622143/in/photolist-8CWZVH-kEussh-4bnytg-8CWS8T-8CZZG1-8CZKBy-8CWNWM-8CWNQZ-8DgKnW-8CZXeJ-9TN6G6-cRGQ3W-8CZN4G-8CWRLx-9vUqHA-dgrSB8-8CZHF9-8CWGJa-8CWTUr-bA3TdE-9doUos-23E2g64-8DdCUp-8DgJVQ-kEuvzE-8CZZUW-8DdCDR-8DgKP3-7R9hf3-8CZNEo-8WggxV-8DdCGF-8DdDve-8DgK7Y-8DgL1C-dgrVWA-7R9hb3-9dkMPV-8CWU5D-8CWUda-8D16LN-dgrXM9-gFuabw-8D17w7-gFtwSY-dgrVG3-8bbfw9-8U98Ho-8bbfFA-RpXsJT">Gobierno de Chile</a>).</p>

Presidente Sebastián Piñera (imagem: Gobierno de Chile).

Dez dias depois da posse do novo presidente do Chile, Sebastián Piñera, e Jin Liqun, presidente do Banco Asiático de Investimento e Infraestrutura (AIIB, sua sigla em inglês), foi recebido no salão de audiências do Palácio La Moneda. Havia ali um sinal de continuidade das estratégias de aproximação entre Chile e Ásia, em especial a China, país essencial ao comércio exterior do Chile. Antes, em maio de 2017, a ex-presidente Michelle Bachelet havia ratificado, na sede do banco, em Pequim, o interesse chileno em ser membro da instituição financeira. Agora, o novo governante, ao recebê-lo, segue construindo essa relação.

Durante o encontro, Jin Liqun explicou os propósitos do AIIB, a médio e longo prazo. Especificou a prioridade da iniciativa “Um Cinturão, Uma Rota”, que busca criar novos vínculos entre Ásia, Europa e norte de África, no século XXI. Reafirmou, também, como outro objetivo primordial, promover a cooperação econômica com países emergentes e estimular maior protagonismo aos países do sul. Em meados de 2017, dos 100 bilhões de dólares que constituíam seu capital, 75% se destinavam a países da região Ásia Pacífico e o restante, a países não regionais, que forneciam algum tipo de insumo à rota.

O Chile poderia ser parte desse cenário, mesmo estando do outro lado do mundo? A resposta está condicionada às necessidades da China e de países do sudeste asiático, que podem ser supridas por essa região. São recursos minerais, como o cobre de Chile, além de produtos agrícolas e mercadorias que, saindo da Argentina, Paraguai ou Brasil precisam chegar ao Pacífico, para daí alcançar os mercados asiáticos. Essa movimentação requer novas estradas, túneis para cruzar a cordilheira, portos modernos, aeroportos com amplas e eficientes áreas de carga. São exigidas também redes digitais e capacidade de processamento, onde a inteligência artificial terá um peso importante. A isso aliam-se novas demandas de energia, com recursos alternativos cada vez mais necessários.

O AIIB terá que construir essa relação de confiança passo a passo ou, melhor dizendo, projeto a projeto.

“O Chile foi convidado a ser membro do banco e o Congresso terá que aprovar se somos parte do banco, mas efetivamente poderia ser uma fonte de financiamento atrativa para os projetos de infraestrutura que o Chile tem, sobretudo projetos de grande escala e que unifiquem o comércio entre o Chile e a Ásia”, assinalou o Ministro de Economia, José Ramón Valente, ao término do encontro. Da reunião participaram ainda o Ministro da Fazenda, Felipe Larraín, e o diretor geral de Relações Econômicas Internacionais, Rodrigo Yáñez. O esperado é que, antes do final desse ano, o parlamento chileno tenha se pronunciado sobre o assunto.

O Banco pode efetuar suas operações concedendo empréstimos diretos, investindo em participações no capital de instituições ou empresas, avalizando empréstimos para o desenvolvimento econômico, estabelecendo fundos especiais, prestando assistência técnica, ou com outros tipos de financiamento que seja determinado pelo Conselho Administrativo.

Entretanto, é evidente que a política local não percebe o AIIB como uma fonte à qual poderia recorrer prioritariamente para projetos maiores. Falta ainda o convencimento em relação à segurança, a familiaridade com os métodos, as condições específicas de concessão dos créditos e tudo mais que, no passado, fez do Banco Interamericano de Desenvolvimento ou do CAF-Banco de Desenvolvimento da América Latina, fontes próximas e confiáveis. O AIIB terá que construir essa relação de confiança passo a passo ou, melhor dizendo, projeto a projeto.

As conversações políticas ampliam-se e o II Fórum CELAC-China, realizado precisamente no Chile, reconheceu o potencial da China como nova fonte de financiamento para projetos maiores. A Declaração Especial sobre a iniciativa “Um Cinturão, Uma Rota”, algo que, a princípio, a diplomacia chinesa não esperava, deixou evidente que os países latino-americanos e do Caribe “acolheram com interesse a apresentação do Chanceler chinês sobre a iniciativa como uma maneira de aprofundar a cooperação entre os países da América Latina e Caribe com a China nos setores econômico, comercial, investimentos, cultural e turismo, entre outros”. O ministro Wang Yi usou várias vezes a palavra cooperação e reiterou que “a China está disposta a recebê-los como sócios prioritários e importantes”, com a construção conjunta de “Um Cinturão, Uma Rota” como meta de desenvolvimento compartilhado.

Projetos como o Passo Água Negra (unindo o Chile e a Argentina pelo norte); o trem de alta velocidade Santiago-Valparaíso; a instalação de um cabo submarino de fibra óptica entre a China e a costa do Chile; as ampliações do porto de San Antonio ou o Corredor Bioceânico entre o Pacífico e o Atlântico através do Chile, Argentina, Paraguai e Brasil são possibilidades concretas no horizonte do diálogo entre Chile e China. No momento, esses projetos não foram ainda apresentados ao AIIB, mas no momento oportuno a entidade financeira pode passar a ser essa fonte de financiamento atrativa citada pelo ministro Valente. Naturalmente, são pautas que certamente estarão presentes nos futuros encontros do presidente Piñera com o mandatário chinês: ambos se encontrarão na reunião do G20 em Buenos Aires e, por certo, na APEC 2019 no Chile.

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