Energia

Tecnologia limpa pode ajudar Colômbia construir paz forte e duradoura

Investimento chinês em energia renovável pode melhorar acesso à luz nas áreas rurais afetadas por conflitos
<p>China pode ajudar a fornecer energia elétrica para zona rural (image: <a href="https://www.flickr.com/photos/leonfhl/30457706561/in/photolist-26HsWE-K1swKo-NprH2K-4A9iqE-S5YEBo-oD7UXe-nRWyoz-26Sj1mf-fVc2eC-8eqTxH-4A52aP-4x7k1b-J32ted-oq1WgW-dJEChn-4qt2MC-UAJqG7-4qpTeM-4qoS3n-UAJ67L-5CBGkJ-4qoRhi-4qoRtX-4qsX2q-oFecqx">Leon Hernandes</a>)</p>

China pode ajudar a fornecer energia elétrica para zona rural (image: Leon Hernandes)

Esta é a segunda de uma serie especial de matérias sobre o papel da China no desenvolvimento pacífico e sustentável da Colômbia

A Colômbia se encontra atualmente em uma encruzilhada decisiva. Os últimos passos do país para acabar com os conflitos internos, que se arrastaram por décadas, coincidiram com o início do fim da era fóssil. Tantas mudanças trazem muitas oportunidades e a China pode se mostrar um parceiro essencial para essa nova era de desenvolvimento pacífico e sustentável no país.

O histórico processo de paz entre a Colômbia a as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, grupo guerrilheiro conhecido como as FARC, alcançou importantes avanços em agosto, incluindo o lançamento de um novo partido político: a Força Alternativa Revolucionária do Comum. Esse passo, que aconteceu depois da assinatura do acordo de paz em novembro de 2016, sinaliza a integração das FARC ao sistema democrático do país e é uma fase crítica do processo de transição para uma nova era pós-conflito.

Porém, se o objetivo do acordo é lançar as bases para conquistar a paz forte e duradoura, é imprescindível que ofereça justiça e reparação às vítimas, além de integrar 7.000 ex guerrilheiros à sociedade, fortalecer a segurança e a capacidade institucional em todo o país, e absorver os territórios rurais, antes eram controlados pelas FARC, pela economia.

Oportunidades na era pós-conflito

As áreas rurais serão o principal foco dessa nova fase na Colômbia. Segundo o governo do país, será necessário investir US$ 43 bilhões para implementar o acordo de paz durante os próximos 15 anos. Desse valor, 85% serão destinados às reformas rurais, que incluem regularizar os títulos de posse, estimular a atividade econômica e melhorar a produção e o comércio de mercadorias, bem como diminuir os altos níveis de pobreza nessas regiões.

O Departamento Nacional de Planejamento acredita que o acordo de paz poderá ajudar a Colômbia a ampliar o setor do turismo e tornando-se um líder mundial na produção de alimentos. Espera-se que os investimentos estrangeiros no país tripliquem de valor, principalmente aqueles relacionados à agricultura, infraestrutura, turismo e outros serviços.

Isso tudo será muito importante para promover a inovação e a transferência tecnológica, além de ajudar a aumentar a produtividade e a criar desenvolvimento econômico mais eficiente. Por outro lado, poderá ter um impacto negativo nas comunidades rurais, causando conflitos pelo acesso aos recursos naturais, como água e terra, aumentando o desmatamento e deixando um rastro ainda maior de miséria e desolação.

Os investimentos realizados na era pós-conflito – principalmente nas regiões rurais – terão de ser cuidadosamente equilibrados para proteger a grande biodiversidade do país: 42%delas são florestas colombianas e 50% parques nacionais. Este maravilhoso capital natural atualmente está ameaçado e isso se deve principalmente ao desmatamento, causado por atividades como o cultivo de coca e a mineração.

Na medida em que essas regiões receberem o fluxo de novos investimentos estrangeiros, será necessário garantir a implementação e o cumprimento de padrões altos relacionados à proteção das comunidades locais e dos ecossistemas existentes, evitando assim retroceder nos esforços que buscam assegurar a paz e a estabilidade.

Crescentes investimentos globais da China

A China está entre os países que mais buscam investir na Colômbia. Li Nianping, embaixador chinês na Colômbia, disse recentemente que o país asiático está interessado em expandir seus investimentos no setor de infraestrutura e de telecomunicações. Atualmente, ele investe pouco nesses setores em comparação com a maioria dos países latino-americanos, mas isso está mudando. A China já é o segundo maior parceiro comercial da Colômbia, atrás apenas dos Estados Unidos. A maioria dos seus investimentos tem como destino a agricultura, as usinas termoelétricas e o setor de petróleo (incluindo a Emerald Energy, que pertence ao conglomerado chinês Sinochem, na Amazônia colombiana).

Um relatório dos investimentos chineses na Colômbia indicou que alguns dos projetos não conseguiram cumprir os requisitos técnicos e as normas contratuais, além de terem causado conflitos sociais e ambientais. Mais recentemente, em 2015, a China também apresentou um projeto para desenvolver um parque industrial em Buenaventura – maior porto colombiano no Pacífico –, além de projetos rodoviários e agrícolas nas regiões de Orinoquia e Altillanura. O acesso a essas regiões era restrito devido à presença das FARC, mas agora que os conflitos acabaram elas foram identificadas como primordiais para o desenvolvimento.

Esses investimentos chineses podem triplicar nos próximos anos. Isso significa que é muito importante que o governo estabeleça uma base mínima para as normas ambientais e sociais, mas que também vá além disso, exigindo práticas sustentáveis inovadoras e a transferência de tecnologias limpas. Isso é especialmente relevante quando se trata da China. O país é o maior produtor de energia renovável do mundo e tem planos de instalar um terço de toda a energia eólica, solar e hidrelétrica global entre 2015 e 2021. A China pode ser o parceiro ideal para apoiar o desenvolvimento de tecnologias limpas na Colômbia, incluindo nos setores em que ambos os países têm interesse em aumentar os investimentos, como na agricultura.

Segundo o ministro de Minas e Energia da Colômbia, mais de 400.000 pessoas não têm acesso à energia nas áreas afetadas pelos conflitos, que se arrastaram por mais de 60 anos. Muitas outras usam geradores a diesel, conhecidos por serem poluentes e caros. A garantia de acesso pleno à energia é fundamental para a construção da prosperidade e para melhorar a qualidade de vida da população.

O desenvolvimento do setor de energias renováveis na Colômbia pós-conflito – tanto a geração distribuída como a rede elétrica – poderia ajudar na construção de um mercado. Atualmente, o país está ficando atrás dos concorrentes regionais na América Latina, conforme demonstrado em um recente estudo da Bloomberg NEF.

Agora que assinou seu acordo de paz e está abrindo novas fronteiras, a Colômbia tem muito a ganhar com a transição global para tecnologia limpa. Para aproveitar as oportunidades e construir um futuro sustentável, é essencial que atraia novos investimentos para essa área, principalmente de países como a China, e que construa relacionamentos com parceiros internacionais, pautados por padrões altos em sustentabilidade econômica, social e ambiental.

Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.

Strictly Necessary Cookies

Strictly Necessary Cookie should be enabled at all times so that we can save your preferences for cookie settings.

Analytics

This website uses Google Analytics to collect anonymous information such as the number of visitors to the site, and the most popular pages.

Keeping this cookie enabled helps us to improve our website.

Marketing

This website uses the following additional cookies:

(List the cookies that you are using on the website here.)