Florestas

Governos na Amazônia querem mais turistas chineses

Esforço para trazer mais turistas do outro lado do mundo acontece enquanto governo anuncia isenção de vistos a chineses
<p>Estados da Amazônia esperar que sua rica biodiversidade atraia mais turistas da China (imagem: Clovis Miranda)</p>

Estados da Amazônia esperar que sua rica biodiversidade atraia mais turistas da China (imagem: Clovis Miranda)

Os governos da Amazônia brasileira estão tentando convencer chineses a atravessar o mundo para visitar a maior floresta tropical do planeta. Nas últimas semanas, dois estados fizeram uma parceria com uma empresa de turismo chinesa, a HRH, para deslanchar o esforço.

A tentativa vem em um momento conveniente: o governo brasileiro decidiu isentar turistas e empresários chineses de visto para visitar o Brasil. O anúncio foi feito durante visita do presidente Jair Bolsonaro à China no fim do mês passado.

60.000


Número de turistas chineses que visitam o Brasil anualmente

Com a medida, o governo espera ir muito além dos 60 mil turistas chineses que visitam o Brasil anualmente — destes, apenas três mil foram ao Amazonas, principal e maior estado da região amazônica.

Com a expectativa de o número de turistas chineses pelo mundo dobrar para mais de 300 milhões de pessoas nos próximos anos, a aposta é alta.

O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, foi a um congresso em Macau na China para promover o país. Para ele, as áreas de potencial para investimentos incluem parques temáticos, resorts e infraestrutura para transportes, informou o China Daily.

“A China pode se tornar o nosso maior parceiro em turismo”, disse ao jornal.

Apesar de o turismo ecológico não ter sido destacado pelo ministro Álvaro Antônio em Macau, as autoridades no Amazonas apostam no interesse dos chineses pela biodiversidade local.

Turismo na Amazônia e desenvolvimento

A tentativa de fortalecer o turismo vai ao coração de um dos maiores desafios dos 20 milhões que vivem na porção brasileira da Amazônia: como promover desenvolvimento social e econômico sem destruir o meio ambiente e enfraquecer os povos tradicionais.

Brazil has waived tourist visas for Chinese in a bid to attract more visitors
O Brasil deixou de exigir vistos de chineses em uma tentativa de atrair mais visitantes (imagem: Clovis Miranda)

Mas ambientalistas ainda veem os esforços de ampliar o turismo na floresta com receio. Adriana Ramos, coordenadora do programa de políticas públicas do Instituto Socioambiental, alerta para a falta de parâmetros para regular a expansão do turismo ecológico na região. Faltam regras claras para estabelecer o que a indústria pode ou não pode fazer na floresta.

“É preciso trabalhar os parâmetros para que esse turismo seja mais sustentável e inclusivo na repartição dos benefícios”, ela diz. “Muitas vezes as operadoras de turismo levam os barcos para dentro de áreas de uso de comunidade, pescam e vão embora, sem deixar benefício para a comunidade local.”

Local communities often don't reap the benefits of tourism in the Amazon
Comunidades locais normalmente não recebem os benefícios do turismo na Amazônia (imagem: Clovis Miranda)

Segundo ela, os governantes devem olhar para as comunidades da floresta e investir para esses grupos estruturarem roteiros turísticos. “A indústria mostrou que não se sustenta turismo com apenas um atrativo. Para fomentar um polo é preciso oferecer diferentes roteiros.”

Desafios de infraestrutura

A maior floresta tropical do planeta tem uma riqueza de atrações turísticas. Lá, é possível visitar praias de areia branca à beira dos rios e o famoso encontro das águas escuras do Rio Negro com as barrentas do Solimões. Também são populares as caminhadas na floresta para avistar pássaros como as araras e mamíferos como o boto cor-de-rosa.

Transport infrastructure in the Amazon may be ill-prepared for more tourism
Infraestrutura de transporte na Amazônia pode estar pouco preparada para o turismo (imagem: Clovia Miranda)

Mas, mesmo com os vistos liberados, há ainda muitos obstáculos entre os chineses e a biodiversidade amazônica. Roselene Medeiros, presidente de agência de turismo do Amazonas, destaca que o estado oferece hotéis na floresta, pesca esportiva e restaurantes com comidas típicas, mas ainda é um desafio melhorar a infraestrutura, a cobertura de internet, a malha aérea e os tipos de roteiro oferecidos.

“Não temos voo que ligue o Amazonas nem à Europa, mas estamos conversando com companhias aéreas”, diz.

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É o lugar da China no ranking the nacionalidades que mais visitam o Brasil

Cidade mais famosa na floresta amazônica, Manaus viveu um boom de turistas chineses entre 2005 e 2015. Desde então, os números no estado só caem, de 17 mil em 2015 para 3 mil no ano passado. Os chineses são apenas a 16a nacionalidade mais popular entre os turistas estrangeiros.

Para recuperar o campo perdido e de olho no potencial do mercado chinês, o governo estadual está traduzindo o material de divulgação para o mandarim e fechou parceria com a empresa chinesa HRH Information Technologies Company para fomentar viagens com foco no turismo ecológico. O governo do Amapá também fez parceria com a empresa.

Hsia Hua Sheng, professor de Finanças da FGV, afirma que a isenção de visto de negócios para chineses tem potencial para trazer resultados mais efetivos do que a isenção do visto de turismo, cujo custo não é alto em comparação com Estados Unidos ou Europa.

“Uma vez aberto o mercado, várias empresas vão entrar. Mas para um turista chinês vir ao brasil de forma razoável tem querer 15 dias para viajar, sendo que dificilmente o chinês tira férias de 15 dias”, diz Sheng. “Ninguém vem para o Brasil da China para fazer turismo. Vem para fazer negócio em São Paulo e no Rio de Janeiro.”

Mas Medeiros, do governo do Amazonas, sabe que o processo é longo. Por isso, ainda há tempo para a região se adequar para o aumento de visitantes.

“No turismo as coisas não acontecem de uma hora para outra, mesmo essa isenção do visto”, diz Medeiros. “Não é amanhã que ele vai chegar ao Brasil e especialmente na Amazônia”.

 

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