Pouquíssimas imagens conseguiram atrair o mesmo nível de atenção e reprovação da mídia global, recentemente, do que as que mostravam incêndios florestais consumindo a Amazônia durante os meses de agosto e setembro de 2019.
As queimadas reacenderam um debate internacional acalorado sobre gerenciamento de recursos soberanos e responsabilidades de limitar as emissões que causam mudanças climáticas. Mas eles também ajudaram a esclarecer o papel complexo que os produtores e consumidores de commodities agrícolas da América do Sul desempenham no desmatamento dos biomas mais sensíveis da região.
As empresas chinesas do setor de alimentos compraram um quarto das exportações brasileiras de carne bovina em 2018, um aumento de 50% em relação ao ano anterior e mais do que qualquer outro país. Além da carne bovina, a China também é o país que compra mais soja do Brasil, onde a produção cresceu 312% entre 1991 e 2017, e da Argentina.
Em um momento crítico da mudança dos padrões de comércio global e ameaças renovadas à maior floresta contínua do mundo, o Diálogo Chino apresenta uma seleção especial de reportagens que examinam os impactos da demanda chinesa por soja e carne bovina da América do Sul. A série explora novas maneiras de satisfazer a demanda crescente, tornando o comércio mais sustentável.
E, apesar dos inúmeros desafios, há motivos para otimismo. Os consumidores chineses se preocupam cada vez mais com o que comem e o mercado de alimentos de origem sustentável está crescendo. Em reconhecimento a isso, grandes traders chineses de commodities estatais, como a Cofco, assumiram compromissos de eliminar o desmatamento das cadeias de suprimentos.
As reportagens desta série trazem perspectivas chinesas e locais únicas para a conversa sobre como melhorar a sustentabilidade, o que tem implicações não apenas para os investidos no comércio agrícola, mas para todo o mundo.