Corvos voam ao anoitecer, o carro sai do asfalto e segue por uma estrada de terra seca que cruza pequenos lagartos e raposas. Em suas margens, há poças de água da chuva e arbustos, assim como cactos de cinco metros de altura e árvores jovens que escondem uma cerca de arame e madeira de um pasto tão grande que é impossível vê-lo em sua totalidade.
“Toda essa área foi desmatada”, diz Tagüide Picanerai, líder do povo indígena Ayoreo, enquanto dirige para sua comunidade, Chaidí, no norte do Paraguai. O nome significa “refúgio” em sua língua materna. “Aqui você pode ver que eles estão retirando o que restou de florestas. Sabemos que isto está matando a biodiversidade e, lentamente, o mundo Ayoreo”.
Chaidí é uma vila de casas de madeira cercada por floresta, uma das áreas mais intocadas do Gran Chaco, a segunda maior floresta da América do Sul depois da Amazônia e que se conecta ao Pantanal brasileiro.
![A house in the Ayoreo community of Chaidí in Alto Paraguay, around 700 kilometres from Asunción](https://dialogue.earth/content/uploads/2022/10/Gran-Chaco-road_Santi-Carnieri_Dialogo-Chino_SCTChacoCh-1-scaled.jpg)
Picanerai é nativo deste imenso, mas desconhecido bioma, em parte árido e em parte úmido, que, com 1,1 milhões de quilômetros quadrados, ocupa metade do Paraguai, um terço da Bolívia, um bom pedaço da Argentina e um pouquinho do Brasil. É um território com o dobro do tamanho da França.
Os Ayoreo são as únicas pessoas que vivem em isolamento voluntário nas Américas fora da bacia amazônica. Seu direito à autodeterminação está consagrado na lei interamericana, mas é um povo ameaçado e afetado pelo desmatamento, impulsionado pela pecuária e agricultura em larga escala.
O Gran Chaco está se transformando e, muito em breve, um novo projeto rodoviário poderá mudá-lo drasticamente.
Corredor Viário Bioceânico
Poucos sabem da enorme riqueza cultural e natural desta terra, mas sabem menos ainda do projeto que o Paraguai realiza aqui: o Corredor Viário Bioceânico, que terá 544 quilômetros de asfalto e uma nova ponte entre o Brasil e o Paraguai, para facilitar o tráfego rodoviário de um lado a outro do continente. O sonho de Colombo, de chegar à Ásia.
E também o sonho dos produtores de soja do Brasil e dos pecuaristas paraguaios de alcançar mais facilmente os mercados asiáticos, atravessando ainda o norte da Argentina e os portos do Chile. Até agora, o tráfego tem sido lento, perigoso e frequentemente interrompido nas estradas de terra, poeira e lama do Paraguai.
![A machine works on the Bioceanic Corridor in the Paraguayan Chaco](https://dialogue.earth/content/uploads/2022/10/Gran-Chaco-road_Santi-Carnieri_Dialogo-Chino_SCTChacoCh-5-scaled.jpg)
Equipes avançam dia após dia na nova estrada. O trabalho segue por quase todo o caminho de Assunção, capital do Paraguai, até as comunidades Ayoreo. Caminhões, tratores e centenas de pessoas estão escavando, asfaltando e pintando a via.
Picanerai nasceu há 34 anos em Campo Loro, um assentamento fora da floresta, construído por membros da controversa missão evangélica americana, hoje conhecida como Ethnos 360, que obrigou seus pais a abandonar a vida e os costumes nômades nos anos 1970. Picanerai diz que os missionários deram esse nome ao lugar porque os homens e mulheres, como seus pais, forçados a sair da floresta com armas na cabeça, não paravam de falar, como loros (papagaios, em espanhol).
A ausência total de asfalto na área paraguaia do Gran Chaco, que faz fronteira com a Bolívia e o Brasil, tem direcionado o intenso comércio de matérias-primas para outras rotas. A dificuldade de atravessá-lo lhe valeu o batismo, da literatura colonial em diante, de “inferno verde” ou “deserto”, “hostil”, “seco”, “árido”. Mas este não é bem assim.
![Tagüide Picanerai opens the gate onto Ayoreo territory located between the departments of Boquerón and Alto Paraguay, in the Paraguayan Chaco](https://dialogue.earth/content/uploads/2022/10/Gran-Chaco-road_Santi-Carnieri_Dialogo-Chino_SCTChacoCh-10-scaled.jpg)
Pode ser uma floresta impenetrável para um forasteiro, mas não para as centenas de milhares de pessoas que vivem aqui desde antes da chegada dos espanhóis e portugueses.
Um ecossistema peculiar
O Gran Chaco é uma floresta de palmeiras, onças, cactos, espinhos e tamanduás; de jacarés e pumas e madeiras valiosas como o palo santo. Uma floresta contínua, de estradas poeirentas e pantanosas, dividida por fronteiras políticas que não existem para a natureza e em quatro ecorregiões que, sim, incluem climas áridos, mas também florestas, zonas úmidas, rios e lagoas, às vezes secas.
![Gran Chaco area map](https://dialogue.earth/content/uploads/2022/10/Gran_Chaco_area_Dialogo-Chino-scaled.jpg)
É uma floresta de vital importância para os povos indígenas que a habitam e, assim como a Amazônia, para a fauna e a flora do mundo inteiro, disse a bióloga e professora da Universidade Nacional de Assunção, Andrea Weiler, ao Diálogo Chino.
“É um ecossistema tão peculiar em sua biodiversidade que ele se adapta maravilhosamente bem a condições extremas”, diz a pesquisadora, especializada no monitoramento da fauna do Chaco, como a onça-pintada (yaguareté em guarani, que significa “cão de verdade”) e a onça-parda.
O valor ecológico do Gran Chaco inclui 3.400 espécies de plantas, 500 espécies de aves, 150 mamíferos, 120 répteis e 100 anfíbios. Muitos estão ameaçados, tais como a onça-pintada, o queixada-ruiva, o tamanduá e a anta.
“Ao construir essas novas vias, elas impulsionam um tráfego muito mais intenso e que vai trazer mais fragmentação da floresta e da população; e com mais assentamentos urbanos, haverá mais conflitos”, explica Weiler.
É um ecossistema tão peculiar em sua biodiversidade que ele se adapta maravilhosamente bem a condições extremas
Com a redução da floresta e, logo, das presas dos grandes felinos, isso os atrai para as vacas. Weiler advertiu que os fazendeiros pagam seus funcionários entre US$ 100 e US$ 200 por cada puma que caçam, e o dobro se for uma onça-pintada, o que pode levar a cinco anos de prisão no Paraguai. Este é um valor igual ou até superior a um salário médio mensal na área.
Nem um deserto, nem um idílio
O Gran Chaco não é um idílio ambiental, nem é uma terra habitada apenas por povos indígenas. No lado argentino, plantações de soja e algodão transgênico se estabeleceram há duas décadas. No lado brasileiro, poucos fazendeiros são donos da maior parte do ecossistema. E tanto do lado boliviano quanto paraguaio, milhares de colonos menonitas de origem russa, alemã, canadense e mexicana ergueram indústrias de extração de madeira, criação de gado, leite, soja e algodão. Há também missionários.
Duas guerras cruzaram este território em menos de 200 anos. Primeiro, a Guerra do Paraguai (1864-1870), na qual Brasil e Argentina devastaram, ocuparam e dividiram o Paraguai/ Depois, para atender às exigências dos vencedores, o Paraguai vendeu as terras “estatais” do Chaco na bolsa internacional, privatizando florestas que eram um território indígena ancestral. Mais tarde, a guerra entre o Paraguai e a Bolívia, em 1932 e 1935, disputou exatamente o território do Chaco e deixou 60 mil bolivianos e 30 mil paraguaios mortos.
E os povos indígenas da região foram sitiados, recrutados ou presos, e observaram suas terras serem continuamente divididas sem seu consentimento.
Hoje, Picanerai é um dos principais atores políticos indígenas no Chaco. Ele fala Ayoreo, espanhol e entende guarani e português. Em suas costas largas, ele carrega a responsabilidade de negociar com o Estado paraguaio medidas para evitar a destruição das terras comunais e florestas onde vivem seus parentes.
![Paraguayan workers on the new bi-oceanic route](https://dialogue.earth/content/uploads/2022/10/Gran-Chaco-road_Santi-Carnieri_Dialogo-Chino_SCTChacoCh-7-scaled.jpg)
Ele vai e vem de carro a cada quinze dias pelos mais de 500 quilômetros que separam sua comunidade de Assunção, também conhecida como a “Portal do Chaco”, já que é a capital mais próxima desse ecossistema. Antes, em 2015, quando fiz minha primeira viagem com Picanerai, ela levava cerca de dez horas, e agora que a maior parte é asfalto, leva seis.
Se ele e outros líderes não mantiverem a pressão sobre o governo, suas terras estarão ainda mais em perigo. O corte ilegal de madeira, caçadores furtivos, tráfico de drogas, missionários e funcionários públicos corruptos estão entre suas principais ameaças.
“O que antes eram pegadas de onça-pintada, agora são marcas deixadas por escavadeiras. Nossos irmãos só querem que salvemos a floresta”, diz Porai Picanerai, pai de Tagüide, na língua ayoreo, enquanto esculpe uma tartaruga em pau-rosa de sua casa em Chaidí.
![40-year-old Ingoi Etacori, who left the jungle in 2004 when left alone on the edge of a road opened by owners of nearby estancias, from the Ayoreo village Totobiegosode poses for a portrait with his parrot in the community of Chaidí](https://dialogue.earth/content/uploads/2022/10/Gran-Chaco-road_Santi-Carnieri_Dialogo-Chino_SCTChacoCh-11-scaled.jpg)
Desde 2004 — ano do último contato com os Ayoreo em isolamento voluntário — que nenhum Ayoreo deixa a floresta. Mas nos 30 anos anteriores, cerca de sete mil deles foram forçados a sair. Na maioria dos casos, a responsável foi a organização evangélica norte-americana Ethnos 360, que provocou confrontos e mortes, segundo relatos dos Picanerai e da organização britânica Survival.
O novo Corredor Bioceânico atravessa algumas comunidades Ayoreo fora da floresta, como as de Carmelo Peralta, às margens do rio Paraguai, por onde passa a ponte que ligará o Brasil ao Paraguai. Só a ponte custou ao governo paraguaio US$ 103 milhões e se somará aos US$ 445 milhões de asfalto e concreto da nova rodovia.
Um Chaco menonita
“Esta ponte e esta rota bioceânica permitirão ao Paraguai ser um aliado estratégico, ter uma produção competitiva, na região e no mundo”. Foi o que disse o presidente paraguaio Mario Abdo Benítez em dezembro de 2021, de Carmelo Peralta, dando início às obras da ponte.
O novo asfalto traçará uma linha reta para conectar o estado brasileiro de Mato Grosso com a província argentina de Salta. O ministro de obras públicas do Paraguai, Arnoldo Wiens, disse ao Diálogo Chino que a rota será muito útil e poderá trazer mais recursos a seu país:
“Só o estado do Mato Grosso produz quatro vezes mais grãos que todo o Paraguai. Se um quarto dessa produção usasse este corredor, já seria o mesmo volume que o Paraguai”.
![The Paraguay River connects the Pantanal with Asunción, the only passenger ship that runs through it in Paraguay is the Aquidaban](https://dialogue.earth/content/uploads/2022/10/Gran-Chaco-road_Santi-Carnieri_Dialogo-Chino_SCTChacoCh-26-scaled.jpg)
A nova estrada traz asfalto para o departamento do Alto Paraguai, uma região que nunca tinha tido estradas permanentes — até o início das obras rodoviárias em 2019.
Um relatório da organização Earthsight mostrou, em 2020, que pecuaristas brasileiros estavam desmatando ilegalmente trechos da reserva paraguaia do Patrimônio Cultural Natural Ayoreo Totobiegosode. A Earthsight expôs ainda que o couro da região foi comprado por empresas europeias como a BMW. Ele é fabricado pela Cooperativa Chortitzer, que pertence à comunidade menonita de Loma Plata, onde termina a primeira etapa do Corredor Bioceânico.
![Cows at a Mennonite community farm and school near Loma Plata](https://dialogue.earth/content/uploads/2022/10/Gran-Chaco-road_Santi-Carnieri_Dialogo-Chino_SCTChacoCh-17-scaled.jpg)
Loma Plata é, juntamente com duas outras cidades menonitas — Filadelfia e Neuland —, o coração do Chaco paraguaio. Comunidades ortodoxas desse povo europeu errante, que fugiu da Rússia e da Alemanha, estão espalhadas pelas Américas desde os anos 1930, quase sem se misturarem com a população local. Mesmo assim, conseguiram construir um império de gado e laticínios.
Berthold Penner tem 32 anos, nacionalidade alemã e paraguaia. Seus avós paternos nasceram no Chaco, como ele, mas sua avó materna veio da Alemanha para escapar da Segunda Guerra Mundial. Ele cresceu em uma fazenda da cooperativa.
![Berthold Penner is of German and Paraguayan heritage and teaches agricultural management in a Mennonite area of the Chaco](https://dialogue.earth/content/uploads/2022/10/Gran-Chaco-road_Santi-Carnieri_Dialogo-Chino_SCTChacoCh-16-scaled.jpg)
Berthold estudou gestão agrícola e hoje ensina dezenas de estudantes paraguaios menonitas a fazer com que as 68 vacas da escola dêem mais e melhor leite (atingindo 1.600 litros por dia). Ele também ensina como garantir que as 880 vacas não sofram estresse e garantam carnes tenras. Berthold conta com entusiasmo os detalhes de sua profissão enquanto um dos estudantes dirige um trator novinho em folha que fornece ração para os animais. Berthold inclina-se contra a cerca de arame e opina sobre o Corredor Bioceânico:
“A agricultura vai aumentar, e toda a produção poderá ser transportada em tempo hábil”, disse Berthold. “A estrada bioceânica nos aproxima de nossos vizinhos. São 232 quilômetros a menos de estrada de terra onde uma chuva já consegue interromper o trajeto. Ela reduz o risco e aumenta a velocidade e a segurança de que o produto chegue ao seu destino”.
Os efeitos da nova rota bioceânica também estão sendo sentidos nas estradas vizinhas, como a Trans-Chaco, que atravessa o Paraguai de norte a sul e liga Assunção a Santa Cruz, na Bolívia, duas cidades ligadas pelo bioma, apesar da enorme distância geográfica que as separa. O governo paraguaio está ampliando a estrada de duas para quatro faixas e a modernizando em áreas que antes pareciam a superfície lunar.
O Gran Chaco, uma terra de extremos
Mas este desenvolvimento não parece acompanhar as comunidades indígenas com o mesmo ímpeto que acompanha os outros habitantes do Chaco. A quinze quilômetros de Loma Plata está El Estribo, uma comunidade de sete mil pessoas, metade delas crianças, do povo indígena Enxet, também defensor da floresta, porém mais urbanizada devido à sua proximidade com as cidades menonitas.
![Benigno Rojas, one of the leaders of the El Estribo community of Enxet people](https://dialogue.earth/content/uploads/2022/10/Gran-Chaco-road_Santi-Carnieri_Dialogo-Chino_SCTChacoCh-19-scaled.jpg)
Benigno Rojas tem 79 anos e mais energia do que as crianças que jogam piki-voley (uma mistura de vôlei e futebol) em frente à escola do vilarejo.
Líder e lutador, Benigno caminha com determinação enquanto acaricia uma folha de alfarroba. Ele me mostra o samu’u, ou palo borracho, que está por toda parte, florindo e oferecendo suas sementes ao vento na forma de lã de algodão branco que cobre folhas, galhos e o solo, deixando o cenário esbranquiçado.
“No Chaco, quando há seca, há problemas; e quando há inundações, também”, diz Benigno.
![Children play with plastic planes in the community of El Estribo](https://dialogue.earth/content/uploads/2022/10/Gran-Chaco-road_Santi-Carnieri_Dialogo-Chino_SCTChacoCh-21-scaled.jpg)
No ecossistema, há sempre esta dualidade: ausência total de chuva por mais de quatro meses, e até mesmo falta de água potável, ou uma abundância que transforma as estradas em pântanos, torna o acesso a hospitais impossível, e os mosquitos se proliferam. Mas também, máquinas arrasam 220 mil hectares de floresta por ano no lado paraguaio e 150 mil hectares por ano no lado argentino.
A outra dualidade é a desigualdade econômica e racial: de um lado, as grandes fazendas de gado de investidores paraguaios e estrangeiros, assim como as cidades menonitas de descendência alemã, têm água corrente e eletricidade asseguradas, seus agricultores contam com grandes tratores, e pecuaristas, com contas e créditos bancários. Por outro lado, as comunidades indígenas sobrevivem com o essencial, quase sem apoio estatal para garantir os títulos de terra e a água potável dos tajamares, que é como eles chamam os poços que coletam a água da chuva.
![Benigno Rojas shows one of the last water reserves of the tajamares, the wells that collect rainwater to for drinking when other sources are unavailable](https://dialogue.earth/content/uploads/2022/10/Gran-Chaco-road_Santi-Carnieri_Dialogo-Chino_SCTChacoCh-22-scaled.jpg)
Estamos em setembro de 2022 e o Chaco vem sendo afetado pela seca há mais de cinco meses. A fumaça dos incêndios, tanto do lado argentino quanto boliviano, cobrem o ar. Em El Estribo, comunidade de Benigno, a água potável, comprada do Estado, está prestes a acabar.
No Brasil, o Chaco é um bioma praticamente desconhecido, ligado ao Pantanal, que graças à novela de mesmo nome recebeu alguma atenção, embora não tanto quanto a Amazônia. A devastação do Chaco brasileiro está diretamente ligada à do Pantanal, por causa do avanço da fronteira agrícola nos últimos 40 anos pela região.
![From Puerto Diana you can see the forest burning on the other side of the river, near Puerto Mortinho, in Brazil](https://dialogue.earth/content/uploads/2022/10/Gran-Chaco-road_Santi-Carnieri_Dialogo-Chino_SCTChacoCh-30-scaled.jpg)
María Liz Paya, do povo indígena Yshy, vive a duzentos metros do rio Paraguai, bem em frente à fronteira com o Brasil. Fica próxima à entrada do Pantanal, mas quase nunca há água potável em sua casa. Ela é cozinheira e vive em Puerto Diana, entre palmeiras e cactos.
Quando Liz Paya vai buscar água do rio com um balde (que depois receberá cloro para se tornar potável), ela observa a floresta arder do outro lado das águas, perto de Porto Murtinho, no estado do Mato Grosso do Sul.
“É o pasto de um fazendeiro brasileiro. Ele está queimando a floresta para dar lugar às vacas”, diz Paya. “O fogo avança a cada ano na terra de nossos antepassados. O que o futuro reservará para nossos filhos?”